sábado, 17 de abril de 2010

MICARETA

Oi pessoal,

Cenas como as que foram mostradas pela TV há algum tempo - políticos flagrados sorridentemente abraçados a pacotes de dinheiro, no chamado “Escândalo do Panetone” - acabam desanimando ainda mais os descrentes na Política (com P maiúsculo) como forma de mudar (e melhorar) a sociedade.

Peço, contudo, que pensem – esse fato não foi corriqueiro. Não se vê todos os dias corruptos flagrados e denunciados através dos principais telejornais (apesar de todo mundo ter uma vaga noção de que essas coisas acontecem no país desde Pedro Alvares Cabral).

Só em Brasília (cujo cinqüentenário praticamente coincide com o da UFF), 3 senadores e um governador tiveram os seus mandatos cassados ou tiveram que renunciar para não tê-los cassados nos últimos anos.

Alguma coisa está mudando.

Até a “grande imprensa” já percebeu há muito tempo que o nível de informação (e, portanto, o de cobrança) das pessoas aumentou. Quem não der atenção a isso, perderá público. A quase totalidade da população “está de olho”, atenta, e quer mais detalhes sobre o que é feito com os impostos pagos pelos cidadãos. Pragmatismo e politização. Nada de se satisfazer apenas com discursos de protesto, mas a exigência de mudança e de resultados visíveis na qualidade de vida. Queremos mais e queremos já.

A campanha morna para reitor da UFF indicaria desinteresse e conformismo, ou que mudaram os tempos com o surgimento de novas práticas políticas? Eu acho que muita coisa mudou e que desse eloqüente silêncio da maioria emergirá, através do voto, posições bastantes claras exigindo ética e mudanças.

Apesar de um aparente marasmo, sob a superfície calma do cotidiano acadêmico há uma movimentação de pessoas insatisfeitas buscando construir uma Universidade ainda melhor - com Excelência Acadêmica e Democracia. Mobilização um tanto espontânea e com mais intuição do que certezas, como iniciam quase todos os processos políticos de massas. Nesse processo de busca de mudança acadêmica com democracia, os envolvidos errarão (erraremos) muito ainda, mas sem perder o ânimo e o senso de humor. Tentaremos.

Para os desanimados, que, equivocadamente, na calma vêem desânimo e acomodação - e com isso perspectiva de continuidade - recomendo que façam uma rápida leitura da letra de Chico Buarque, a seguir. De repente, podemos ter um carnaval fora de hora, uma imensa Micareta Acadêmica. O “samba no pé” de cada um aparecerá naturalmente no momento certo, não tenho dúvidas quanto a isso.

Saudações Acadêmicas,
Heraldo


“Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar...

E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar...”

Quando o Carnaval Chegar – Chico Buarque de Holanda

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