segunda-feira, 22 de novembro de 2010

FALSO BRILHANTE

“Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais...”

O Mestre-Sala dos Mares
De João Bosco e Aldir Blanc



Oi Pessoal,

Todos os que me acompanham já sabem que eu escrevo para mim mesmo. Há épocas em que escrevo muito e outras em que perco a vontade. Eu havia decidido parar por um tempo. Contudo, hoje, escutando um CD antigo da Elis Regina com algumas músicas da dupla João Bosco e Aldir Blanc, tive uma vontade súbita de retornar à nossa prosa.

Por diversão, só me dou 30 minutos para escrever o que me passa pela cabeça. Na maioria das vezes o texto sai de uma vez só, como é o caso desse agora. Portanto, aí vai.


JOÃO CÂNDIDO, O MESTRE-SALA DOS MARES

A história de João Candido Felisberto, o “Almirante Negro”, já foi cantada na musica O Mestre Sala dos Mares de João Bosco e Aldir Blanc. Contudo, a chamada Revolta da Chibata, ocorrida no dia 22 de novembro de 1910 (fazendo hoje exatamente simbólicos 100 anos) ainda é desconhecida por uma boa parte dos brasileiros.

O movimento, articulado por marinheiros como Francisco Dias Martins, o "Mão Negra" e os cabos Gregório e Avelino, tem como seu porta-voz o timoneiro João Cândido. Lutavam contra as humilhações e castigos corporais que haviam sido abolidos no começo do século, acompanhando o final da escravidão, sendo depois reativados pela Marinha como forma de manter a disciplina a bordo.

No dia da revolta, o marinheiro Marcelino Menezes, tripulante do navio Minas Gerais, foi chicoteado como um escravo por oficiais, à frente de toda a tripulação. Segundo jornais da época, recebeu 250 chibatadas, desmaiou, mas o castigo continuou.

Além do Minas Gerais, os marinheiros tomaram os navios Bahia, São Paulo, Deodoro, Timbira e Tamoio. A frota possuía canhões, que foram apontados para a cidade. Alguns tiros de aviso foram disparados. Os marinheiros amotinados apresentaram ao governo suas exigências: queriam o fim efetivo dos castigos corporais e o perdão por sua ação.

O governo de Hermes da Fonseca aceitou as condições, mas, posteriormente, traiu a palavra empenhada sobre a anistia aos amotinados. Os marinheiros que participaram da revolta foram barbaramente perseguidos. Contudo, os castigos corporais, principalmente contra os marinheiros negros, foram definitivamente abolidos como medida cotidiana para o estabelecimento da “disciplina” nos navios da marinha brasileira.

Em 24 de julho de 2008, 39 anos depois da sua morte, publicou-se a Lei Nº 11.756 que concedeu anistia ao líder da Revolta da Chibata e a seus companheiros, idéia que partiu do Senado Federal e que foi aprovada pela Câmara dos Deputados, em 13 de maio de 2008, dia em que se comemora a Abolição no Brasil. No dia 07 de Maio desse ano, a Transpetro, a pedido do presidente da república, batizou com o nome de "João Cândido" o primeiro petroleiro produzido em estaleiro nacional após um intervalo de mais de 13 anos. Hoje, provavelmente, João Candido Felisberto o “Almirante Negro”, símbolo das revoltas populares pela liberdade e contra o arbítrio no Brasil, será objeto de diversas homenagens pelo Brasil a fora.


O BÊBADO E A EQUILIBRISTA

No período que fiquei sem escrever, para minha surpresa, fui procurado por muitas pessoas que disseram sentir falta (!) dos meus comentários. Informo aos amigos que nunca parei de fato. E aos que me perguntam a razão para eu continuar, reafirmo que a esperança, equilibrista, sabe que o show de todo artista tem que continuar.

Saudações universitárias

Heraldo


PS: Dedico esse texto à Rosa, que será adulta num mundo ainda melhor, e que, certamente, nunca lerá nada do que escrevi ou escreverei nesse blog.

PS2: Hoje também é o dia da posse do reitor da UFF, que foi reconduzido ao cargo para um novo mandato. Como a UFF é de todos nós, não posso deixar de desejar a ele sucesso nessa empreitada. Espero que, nesse mandato, ele busque conciliar a desejada excelência acadêmica com a necessária Democracia Universitária. Se depender de mim, terá todo o apoio para isso. Em particular desejo em dobro para ele tudo que vem proporcionando (e que proporcionará) a UFF e a sua comunidade acadêmica.

Meus apoios a muitos de seus principais projetos, assim como minhas críticas a algumas políticas implementadas, sempre foram públicos. Não tenho motivos para mudar de atitude agora. Continuarei buscando caminhar em linha reta, apoiando todas as iniciativas construtivas e buscando insistir na importância da Democracia Universitária. Minhas críticas serão francas e feitas olhando no olho, mas sempre tentando fazê-las com a elegância de um mestre sala.