sexta-feira, 7 de maio de 2010

JUBILEU

“But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams”

Aedh wishes for the Cloths of Heaven
The Wind Among the Reeds. 1899.
W.B. Yeats (1865–1939).


Oi Pessoal,

Já recebi respostas para algumas das perguntas formuladas no texto PERGUNTAR NÃO OFENDE III. O concurso continua valendo. O vencedor ganhará um bilhete Niterói-Rio-Niterói (barcas). Já tenho dois fortes concorrentes que procuraram responder de forma pública e impessoal a algumas das perguntas: (i) a PROAC, buscando explicar o projeto FEC de R$ 5.756.996,00 (cinco milhões, setecentos e cinqüenta e seis mil novecentos e noventa e seis reais) para “apoio e gerenciamento à organização e realização das atividades inerentes ao Projeto - A Gestão Gerencial (sic) no Processo de Desenvolvimento da PROAC/UFF” e (ii) a respeitadíssima professora Ismênia de Lima Martins, que foi levada a tentar publicamente justificar através de e-mail os R$ 903.200,00 (novecentos e três mil e duzentos reais) alocados para o Jubileu de Ouro da UFF no projeto FEC “apoio e gerenciamento do Jubileu de Ouro da UFF” usando o argumento de que “O orçamento em questão previu, em média, menos de 3 mil reais mensais por unidade departamental”.

Nesse caso, não resisto e faço mais duas perguntas:

A divisão dos R$ 903.200,00 (novecentos e três mil e duzentos reais) por R$ 3.000 dá, aproximadamente, trezentos e um Departamentos. Contudo, na página oficial da UFF são mencionados menos de setenta cursos. Certamente, mesmo com a expansão feita no âmbito do REUNI, não temos nem 100 Departamentos de Ensino na UFF. Portanto, a conta não bate. Seriam mais de R$ 10.000,00 (dez mil reais) por Departamento. Ou a divisão feita pelos assessores da professora está errada, ou há Departamentos de Ensino não mencionados nas estatísticas oficiais da UFF. QUANTOS DEPARTAMENTOS DE ENSINO TEM A UFF?

Os R$ 903.200,00 (novecentos e três mil e duzentos reais) correspondem a uma vez e meia o definido no PDI para as bibliotecas nesse ano do Jubileu. Não é pouco. Não faço nenhum juízo moral e jamais levantei qualquer suspeita de desvios ou qualquer coisa semelhante. Contudo, questiono seriamente o valor alocado para as comemorações do Jubileu de Ouro. Valor que pode ser até pequeno para alguns diante da importância simbólica da comemoração, mas que é enorme para uma universidade ainda com muito mais necessidades do que recursos.

Tenho certeza de que a Comissão de Orçamento do PDI teria alocado um valor maior para as bibliotecas caso tivesse conhecimento dessa folga orçamentária. Pelo menos, alguma discussão coletiva deveria ter ocorrido no CUV para a definição de prioridades e valores. Mesmo que o valor previsto para a comemoração do Jubileu correspondesse a apenas 3 mil reais por Departamento, PORQUE NO ANO DO JUBILEU DE OURO NÃO SE DISTRIBUI TAMBÉM 3 MIL REAIS PARA CADA DEPARTAMENTO COMPRAR MATERIAL DE CONSUMO – MARCADORES PARA QUADROS BRANCOS, PAPEL, CARTUCHOS E TONNER PARA IMPRESSORAS, POR EXEMPLO?

Isso faria a comemoração do ano do cinqüentenário ainda mais sensacional.


A DANÇA DAS CANETAS

O atual momento político na UFF, incluindo aí a consulta para reitor, é peculiar. Há um evidente marasmo naquelas atividades políticas mais tradicionais – panfletagem, cartazes, passagens em turma, etc., etc. – mas, em compensação, tem havido um ativo e rico debate através da internet, com muitas trocas de mensagens e de textos com as mais plurais manifestações de idéias e propostas - com reflexões, manifestos e, certamente, com provocações e respostas.

Num recente debate, o atual reitor manifestou publicamente, me pareceu, certo desconforto em relação a mim e os meus textos divulgados através do blog, que também são enviados por e-mail para algumas pessoas selecionadas. Citou-me nominalmente após eu ter feito, por escrito e me identificando, conforme as regras da Comissão Eleitoral, a inofensiva pergunta sobre qual seria a posição das chapas em relação à criação de uma Ouvidoria na UFF. Comentou que eu teria promovido “uma caça as bruxas” quando ocupei a função de Presidente da Comissão de Ética Pública da UFF. Não entendi nada, e ele não explicou quais as “bruxas” eu buscava caçar, já que as decisões das Comissões de Ética não têm força de lei.

Raramente fiquei tão constrangido como nesta situação, na qual estava impedido de me manifestar. O desconforto do reitor é surpreendente e desnecessário, até porque os últimos textos (PERGUNTAR NÃO OFENDE III, PINOCHET e MICARETA) não tinham ligação com ele. Associou-se aos textos porque quis e chateou-se não sei por qual razão.

Na prática, o único fato é que nesse preciso momento estamos travando uma dança, uma metafórica dança das canetas. De um lado a caneta cheia de tinta do Dirigente que nomeia, premia e destitui. Prerrogativa de todos os dirigentes, é fato. De outro, eu com a minha a caneta expressando eventualmente, mas publicamente, alguma idéia e/ou opinião, fruto de processo pessoal ou coletivo de reflexão. Não há conflito “stricto sensu”, mas há embate político e filosófico. Embate respeitoso da minha parte, embora recheado com alguma ironia.

Imagino ser um camarada bastante inofensivo, que está apenas seguindo uma das mais antigas tradições acadêmicas – a redação e divulgação de textos com opiniões. Tradição epistolar modernizada pela internet, mas sempre tradição. Devo parecer ainda mais inofensivo para aquelas pessoas que acreditam na força da grana e no poder como os motores da História. De meu lado tenho apenas a força das minhas idéias, alguma capacidade de convencimento e a coerência nas minhas convicções, nada mais.

Saudações Universitárias
Heraldo

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