segunda-feira, 22 de março de 2010

O BOM COMBATE E AS BARATAS

“Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso...

- O que aconteceu comigo? - pensou.

Não era um sonho.”


A metamorfose
Franz Kafka.
Trad. Modesto Carone.



Oi Pessoal,

Tenho sido um adversário duro de alguns colegas quando tenho opiniões divergentes em relação a políticas públicas equivocadas que estão sendo adotadas para o ensino superior e, em particular, diante de alguns monumentais equívocos resultantes de políticas adotadas na UFF. Nunca me escondi no anonimato. Assinei todos os documentos e mensagens escritos por mim com críticas e me identifiquei em TODOS os casos nos quais entrei em contato com Ouvidorias, Conselhos ou qualquer órgão recursal. Já há algum tempo, quase todas as Ouvidorias de entidades públicas, com o meu mais entusiástico apoio, não aceitam mais a figura da “denuncia anônima”.

O grande desafio atualmente é evitar que sejam divulgadas denúncias pouco fundamentadas que visam apenas à desmoralização de adversários, mas, também, buscar proteger de ameaças, assédios e perseguições todos aqueles que fazem denúncias ou apresentam reclamações fundamentadas, respeitando o devido rito processual e dentro do sistema democrático.

Acredito que é fundamental a apuração transparente de qualquer questão que venha a ser levantada na UFF envolvendo eventuais falhas de sua administração superior, mas repudio veementemente quem reduz a questão política a um linchamento moral, baseado em boatos sobre questões pessoais, evitando focar objetivamente os fatos. Recentemente estão sendo divulgadas, de forma anônima, informações sobre questões pessoais de vários professores, fora de seu contexto, buscando criar na opinião da comunidade acadêmica uma imagem bastante negativa sobre eles.

Que todas as possíveis irregularidades sejam apuradas adequadamente. Mas espero que o processo de disputa política na UFF respeite reputações e histórias pessoais. Nos “anos de chumbo” da ditadura, o “linchamento moral” e a intimidação foram usados como instrumento da política de repressão aos indivíduos. Espero que não seja esta a prática corrente na consulta para Reitor que se avizinha. Que a transparência e o respeito sobrevivam.

Não existe justificativa ética para esse tipo de atitude (denúncias apócrifas, etc., etc.), mesmo quando os adversários fazem uso desse mesmo tipo de expediente. A maior das derrotas, com certeza, é descobrir que nos tornarmos iguais àqueles que detestamos. Quem buscou o bom combate e termina, pelo desespero e/ou cansaço, adotando esse tipo de prática equivocada, corre o risco, como no livro de Kafka, de numa certa manhã acordar, olhar o espelho, e descobrir que se transformou numa barata.


Saudações Acadêmicas
Heraldo

Nenhum comentário:

Postar um comentário